Filho de paciente denuncia ter encontrado larvas em refeição servida em hospital particular no Recife; VÍDEO
05/01/2025
Imagens foram gravadas no Hospital Unimed 3, no bairro da Ilha do Leite. Em nota, Unimed Recife afirmou que não são larvas, e sim radículas de feijão. Acompanhante de paciente denuncia ter encontrado larvas em refeição servida em hospital particular no Recife
O filho de uma paciente denunciou ter encontrado larvas numa refeição servida pelo Hospital Unimed 3, localizado no bairro da Ilha do Leite, na área central do Recife. Imagens enviadas à TV Globo mostram o motorista Robson José Lima da Silva afirmando que encontrou pequenas lagartas na borda de um prato em que tinha sido colocada uma porção de feijão preto (veja vídeo acima).
Procurada, a Unimed Recife enviou uma nota, na tarde deste domingo (5), afirmando que o que foi encontrada na refeição, não foram larvas, e sim radículas de feijão (confira a íntegra da resposta do hospital no final desta reportagem).
Uma nutricionista ouvida pelo g1 disse que só é possível afirmar se são ou não larvas após uma análise técnica e que, mesmo se não estiver contaminado, o alimento não deveria ser servido dessa forma (entenda mais abaixo).
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Robson e outros cinco irmãos se revezam para acompanhar a mãe, Acidália Maria Lima da Silva, de 76 anos, que está internada em um quarto do hospital particular desde que sofreu uma queda, na última semana de 2024.
"O feijão veio numa vasilha separada. Peguei o feijão e derramei por cima. Quando olhei, era um 'negocinho'. Eu disse: 'Oxe, o que é isso?'", disse Robson ao g1.
Ele contou que isso aconteceu durante o almoço na tarde do sábado (4) na porção servida à parte do resto da refeição. O prato entregue à mãe dele, com arroz, macaxeira e carne, não tinha feijão.
Acompanhante de paciente denuncia ter achado larvas em refeição servida em hospital particular no Recife
Reprodução/WhatsApp
Robson também disse que mostrou o que tinha encontrado no feijão para a técnica de enfermagem que entregou as refeições dele e da mãe. De acordo com o motorista, a funcionária do hospital trocou o prato, mas a nova porção que a profissional serviu também estava com as larvas.
"Eu disse: 'amiga, veja só o que tem aqui ao lado'. Ela disse que ia trazer outro. Aí, quando ela trouxe outro [prato], pensei: 'vou comer e não vou botar o feijão'. Quando terminei de comer, derramei o feijão e vi como estava. E tinha larva também", contou Robson.
O motorista afirmou, ainda, que chamou de novo a técnica de enfermagem para ver que elas também estavam na segunda porção. "Ela falou: 'está certo'. Pegou [o prato] e foi embora, como quem diz assim: 'vai dar bronca'. Filmei e mandei para o grupo da família", disse.
Uma das irmãs de Robson que acompanham a paciente, Horasa Andrade disse que, assim que soube do ocorrido, fez uma denúncia à Vigilância Sanitária do Recife.
"Isso é um absurdo. [...] É questão mesmo de saúde, revoltante é isso. Como é um local que é para cuidar da saúde das pessoas, isso é inadmissível", declarou Horasa.
Procurada pelo g1, a Secretaria de Saúde do Recife informou que ainda não recebeu a denúncia pela Ouvidoria e disse que o hospital é inspecionado pela Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Apevisa). A secretaria afirmou também que, quando tiver o registro formal da queixa, vai encaminhar o caso para o órgão do estado a fim de articular "uma possível ação conjunta".
O g1 também procurou a Secretaria Estadual de Saúde para saber se a Apevisa foi acionada e se irá investigar essa denúncia, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
O que diz o hospital
Confira a íntegra da nota da Unimed Recife enviada ao g1 na tarde deste domingo (5):
"A Unimed Recife esclarece que não é verdadeira a afirmação de que foram encontradas larvas em refeições oferecidas aos acompanhantes de paciente internado no Complexo Hospitalar Unimed Recife. Os elementos em questão não se tratam de larvas, mas sim de radículas do feijão, que nada mais são do que pequenos brotos resultantes do processo de germinação do grão, e que não oferecem mal algum à saúde de quem o consome.
Reforça ainda que seus 53 anos de história são pautados no primor pelo cuidado com seus pacientes, prezando não apenas pela qualidade do serviço médico oferecido, mas também dos produtos e dos serviços ofertados em suas unidades de saúde."
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Controle de qualidade
Ao g1, a nutricionista Laís Sousa disse que o aparecimento de larvas é comum em alimentos envelhecidos ou mal armazenados. Segundo a especialista, só é possível afirmar se são lagartas ou radículas após uma análise técnica na refeição servida.
"Feijão e arroz têm uma tendência [a ter larvas], se estiverem velhos ou se o armazenamento não estiver sendo da maneira correta. [...] Se parece uma larva, por que estar ali? Mesmo não fazendo mal, é o aspecto", explicou a nutricionista.
Ainda de acordo com Laís Sousa, estabelecimentos de grande porte como hospitais devem ter um sistema de rastreabilidade que informa quando há algum indício de contaminação nos alimentos, inclusive para o controle de micróbios difíceis de se detectar a olho nu.
"Ele [o sistema] faz a rastreabilidade, o controle desde a chegada dele na unidade até a distribuição para o cliente final. É tipo um um aplicativo que faz uma gestão de controle técnico. Quando o sistema vê, ele bloqueia. É tudo descartado", disse a especialista.
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